quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Minha querida, eu te avisei!




Não suporto quem julga, por alguma razão, ter mais experiência que as outras sobre a vida. Aquelas pessoas que usam aquela típica frase “minha querida, você ainda tem muito que aprender sobre a vida”, realmente, consegue me perturbar.  Quem elas acham que são para usar tal frase com qualquer pessoa que seja? No mínimo devem ter passado por todos os tipos de situação para saberem serem donas da razão ou mesmo a quantidade de experiência que determinada pessoa precisa.

Por nenhum dos acasos acredito existir tão pessoa. São pessoas que não tem mera visão de mundo e do que seja viver. De que a vida é feita de experiências do dia-a-dia. Nenhuma se iguala a outra. A mesma experiência que o outro tenha você não terá igual, porque cada um tem a sua maneira de ver, entender e recepcionar a vida.  Assim, não me venha dizer que tenho muito que aprender com a vida, porque e bem possível que só por essa frase você tenha que aprender o mesmo tanto ou mais do que eu sobre a “vida”.

Agora só me resta, desejar profundamente que tais pessoas, ainda engulam suas palavras e que, por mero sentimento de luxúria, o destino de alguma forma me coloque na posição de usar a típica frase: “minha querida, eu te avisei”.

domingo, 26 de agosto de 2012

Coração de papel




O analista pediu que amassasse uma folha de papel, e em seguida tentasse fazer o papel voltar ao que era antes, liso sem qualquer sinal de machucado feito pela minha mão, apenas uma folha branca e lisa de papel. Em seguida pediu que repetisse o procedimento. Ao terminar pediu que tentasse fazer o papel voltar ao que era antes, era impossível que a folha de papel voltasse as suas origens. Vi que o papel encontrava-se mais amassado que da primeira vez, como se não pudéssemos refazê-lo sem considerar suas marcações anteriores. Se fosse possível voltar ao jeito que era, tudo seria diferente, faria tudo diferente, mas não é.
Nascemos brancos e puros, assim como uma folha de papel, sem passado, sem presente e sem noção de um futuro. Crescemos, sonhamos, apaixonamos e sofremos. Constroem a personalidade aos poucos, através das experiências de vida. Nesse ciclo de vida que parece interminável parece haver muito mais sofrimento do que alegria. Aquilo que nos machucou fica marcado na alma, ela não voltará ao normal, não há borracha que apague os ferimentos da alma.
Depois de um tempo, as feridas começam a cicatrizar, mas elas não se curam, as cicatrizes nunca desaparecerão ficarão ali marcadas no fundo da alma. Um dia, depois de um longo tempo, quando você achar que elas estão curadas, se reencontrará diante da mesma situação. Nesse momento sentirá uma sensação ruim. Algo está errado, suas pernas irão querer ir para direção oposta, seu pensamento só pensará em um modo de evitar aquela situação.
Sem compreender que seus sentimentos de medo, de fracasso e de tristeza que são em razão da ferida que foi reaberta, tentará fugir ou até encarar os fatos. Acontece que você nunca olhará, novamente, para a vida sem a assombração do passado. Não conseguirá ver os fatos como realmente são, terá sempre a impressão de que algo está errado. E de fato, algo está errado, é você que está toda quebrada por dentro, machucada, cansada de tentar curar suas feridas e, ao em vez disso, só multiplica-las.
A maior invenção do ser humano ainda será quando inventar algo para que se feche essa feriada para sempre e que possamos enfim retornar ao papel em branco original. E assim, sem essa sensação de fracasso e sofrimento, possamos enfrentar os momentos da vida como se fossem os primeiros, não sem esquecer os erros do passado, mas com coragem o suficiente de viver a vida sem medo de sofrer.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O homem perfeito de Jane Austen





Quando terminei o livro Razão e Sensibilidade não acreditei na existência do caráter de Edward Ferrars. Para mim é inconcebível existir alguém como ele que estava disposto a abdicar a uma vida de felicidade e amor com Elinor por conta de um compromisso a muito tempo firmado com a pobre e desprovida Lucy Steele.  Sob o argumento de ele ser um homem honrado, por isso, deve manter sua palavra à moça que o amava. Afirmo que nos dias de hoje isso não aconteceria. 

Se o livro fosse baseado nos relacionamentos do sec. XXI na qual são fundados no egoísmo e no individualismo, as mulheres, leitoras, acabaria no final proferindo palavras impróprias ao Sr. Ferrars.  Pois, depois de páginas e páginas proferindo e fazendo promessas de seu amor por Lucy ele acabaria a abandonando, após conhecer Elinor sob o argumento de que ele não a ama, e, por isso, não poderia se dispor de sua própria felicidade pela dela, agindo como os homens de hoje.

Também não acredito que na época em que o livro fora escrito existisse algum homem com o caráter de Edwards de se importar com o sentimento do próximo, ainda mais em uma sociedade burguesa, na qual não se casava por amor, mas porque existia uma vantagem social ou econômica para tanto.

Por essas razões temo em dizer que a literatura de Jane Austen é medíocre e mesquinha para os tempos de hoje. Porém, não posso negar que ela trata do ideal de homem, afinal ela era mulher e o que nos mulheres mais fazemos com o nosso tempo livre é idealizar o homem perfeito. 

A literatura de Jane Austen é medíocre e mesquinha para os tempos de hoje. Porém, não posso negar que ela trata do ideal de homem, afinal ela era mulher e o que nos mulheres mais fazemos com o nosso tempo livre é idealizar o homem perfeito.