quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sobre Zumbis





Algumas pessoas são como zumbis. Elas existem, fizeram diferença na sua vida, mas de certa forma não existem mais. Parece contraditório, algo existir e não existir ao mesmo tempo. Explico melhor. Zumbis são mortos-vivos o corpo daquela pessoa que você conhecia ainda está ali, mas sua alma não, a essência que só você enxergava aquela que faz a diferença já não existe. Ele se torna para você apenas mais um ser do universo, que quer atrasar sua vida.
Assim como um zumbi dos filmes, o dito cujo zumbi teve uma vida anterior feliz ao seu lado. Vocês têm momentos felizes, um gostava do outro, entretanto, chega um dia que essa felicidade acaba. E a hora que você descobre todas as mentiras contadas, o verdadeiro caráter do dito cujo. A verdade o tornou zumbi.
Naquele momento a existência da pessoa para você acaba. Quer aquele tiro na cabeça para evitar que ele te ameace a se tornar também um zumbi. Passa um longo período da sua vida evitando os lugares aonde ele vai, mas sempre observando com quem ele vai. Tudo decorrência do medo de que ainda não o tenha esquecido.
Ainda chega as noticias de ti-ti pelos outros que o veem frequentando lugares acompanhados com pessoas diferentes. Aqui com uma loira, ali com uma morena, em um relacionamento sério com uma, mas no bar da cidade com outra. O dito cujo zumbi ainda se pagando de bom menino, cara para namorar sério e casar. Chego a pensar que homens não tem outra qualidade a não ser hipocrisia.
A hora tanto evitada chega. Com 7 bilhões de habitantes no mundo, mesmo que você se esconda na China certas conversas você não consegue evitar. Essa é uma delas. Só quer saber se o dito cujo ainda te balança, se ainda da aquela mexida com você. É um terreno perigoso, porque se houver resquícios não vai prestar.
A conversa flui, assim como suas conclusões. Não há qualquer resquício de um passado que já se foi. Dá assunto só para ver até onde vai à conversa. No fim conclui permanecer a certeza que você só tem que agradecer por esse dito cujo ter saído da sua vida. Porque no fim seria você a atual Maria Dramática dele, enquanto ele oferecia para fazer uma visita privada na residência de outra moça ou desfilava por ai com outras nos bares da cidade.

domingo, 7 de outubro de 2012

Lembranças de um Domingo





As melhores lembranças que tenho da minha infância acontecerão nos domingos. Isso porque era sempre dia de reunir toda a família. Às vezes, nem toda, porque a diferença de idade entre eu e meus irmãos é grande, os dois sempre estudarão fora, por isso fui criada praticamente sozinha. Mas todos os domingos era sempre eu, meu pai e minha mãe. E a carne assada que meu pai fazia, que até hoje não me lembro de comer carne mais saborosa.
Esperava a semana inteira pelo domingo, era o tempo que tinha com meu pai, já que durante semana vivia na fazenda. Então acordava de manhã, com o sol batendo nas cortinas rosas, transformando o quarto num verdadeiro quarto rosa pink de Barbie. Trocava de roupa, descia as escadas e ia logo procurar meu pai, a partir daí eu ia a onde ele fosse. Eu era praticamente a sombra dele, lembro-me de acompanha-lo ao boteco da esquina para compra a Coca-Cola de todo domingo. Eu conversava com o dono e com todos por lá enquanto meu pai tomava sua cerveja e eu meu refrigerante proibido pela minha mãe.
Voltávamos para casa já na hora de começar a assar a carne. O almoço era servido sempre, pontualmente, às 12hs. Lembro-me do meu pai colocando a carne no espeto e eu especulando como se fazia carne e quando ficaria pronta. Sempre bem assada, pois, eu lembrava o meu pai que a carne mal passada poderia causar doenças.  Depois disso, lembro o meu pai me ensinar a colocar limão na carne e de tomar a faca da minha mão para que eu não me machucasse.
Quando dava 12hs à carne estava pronta e íamos todos sentar-se à mesa para almoçar. A mesa era sempre posta pela minha mãe que cuidadosamente colocava as quentes panelas sobre um esteio para que não estragasse a mesa. Depois trazia a maionese que meu pai adorava, enfeitada com folhas de alface em volta e rodelas de ovos cozidos por cima. Distribuía os pratos de forma que meu pai sempre ficasse na ponta da mesa e então meu pai levava a carne, era a deixa que o almoço estava servido.
Eu sentava sempre no local do meu pai, até a hora que minha mãe me expulsava de lá. A partir daí eu mudava para à esquerda do meu pai e a minha mãe para à direita dele. Então almoçávamos todos juntos, como uma família, feliz e unida.
Após o almoço eu deveria ajudar minha mãe a arrumar a cozinha, lava as vasilhas. Eu como uma boa filha, me escondia para não ter que fazer a tarefa. A tática sempre era fugir antes que ela disse: “Maria Dramática, as vasilhas são por sua conta”. Porque se ela dissesse não haveria escapatória, meu pai apenas diria: “Vá ajudar a sua mãe”. Com minha mãe sempre discutíamos, mas com meu pai nunca tivemos coragem. Satisfeito com o almoço meu pai se dirigia ao seu quarto para a sua hora de sono, que duraria até às 16hs da tarde, com breves interrompimentos meus.
Com o passar do tempo, esse domingos foram ficando escassos. Eu cresci, meu pai já não deixava acompanha-lo aos botecos, os almoços que deveriam ser servido sempre as 12hs, continuarão a ser servido no mesmo horário. Entretanto meu pai começará a se atrasar, o que fez minha mãe cortar os churrascos e a não espera-lo mais para o almoço.
Os meus domingos que eram sempre nos três passaram ser só nos duas. E os domingos do meu pai passaram ser sempre da amante e os dos seus três enteados. Aqueles domingos que marcaram tanto minha infância passarão a ser só lembranças.