Ir ao cinema sozinha, fácil. Compra o ingresso. Dá umas
voltas no shopping. Entra na sessão. Todos me olham afinal você é um alienígena
que veio do planeta Forever Alone. As pessoas começam com o seu olhar de
piedade. As luzes se apagam. E por uma hora e meia você percebe que tem o poder
de invisibilidade. Até as luzes reacenderem e voltarem os olhares de piedade. Como
eu disse fácil, desafio superado e vencido.
O próximo é ir num show de stand-up sozinha! Numa cidade
pequena o pior que pode acontecer é a cidade inteira passar por você e virar
comentário no outro dia, com sorte sou antissocial o suficiente para não ser o
assunto da cidade.
Mas sozinha é tão constrangedor, os olhares de piedades. Os
casais felizes mostrando sua felicidade se abraçam e se beijam como se não houvesse
um amanhã. E você lá se sentindo a alienígena. Sem ninguém para bater-papo na
fila, parada que nem um poste esperando a fila andar.
No fim do túnel, ou quero dizer no fim da fila você vê um
conhecido. Eba! Alguém para conversar. Exceto que essa pessoa é aquele o dito
cujo que você sempre ignorou e agora nem quer saber de você. Ele passa por você
direto para conversar com a menina atrás de você, para passar aquela mensagem você
me ignorou e agora está aqui S-O-Z-I-N-H-A. Foi inevitável pensar se me arrependo
por não ser a vadia que dá moral só para manter o ego, só que não.
Mas tudo bem. Você ainda tem um desafia para vencer. Então,
continua sua luta manter a postura de mulher bem resolvida e por isso vim
sozinha. A fila começa a andar, finalmente abriram esses portões. Sentar- se e
ali permanecer sem ninguém te notar. E por fim, num instante qualquer, percebe
que passou muito rápido e sem nenhum constrangimento. E posso dizer: desafio
aceito e cumprido com sucesso. Estou aprendendo a aproveitar o melhor de mim,
sozinha. Que venha o próximo!
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