Há um ano e meio voltei para a
minha a cidade onde eu cresci. Para alguns isso seria uma coisa boa, mas para
mim foi o inferno, purgatório, umbral ou qualquer outra região que se expresse
o mal. Estava acostumada com uma vida mais agitada seria incapaz de viver sem
os bafões de cada dia, a festa de cada fim de semana ou sem a sensação de pensar
em encontrar o dito cujo na balada (tá bom eu era um pouco fútil. Ok! Muito
fútil, mas em minha defesa a futilidade é relativa, depende do ponto de vista).
Bem, eu estava presa no meu próprio inferno.
Pode-se me perguntar o que
impede de ter tudo isso aqui? Bem, eu odeio essa cidade. Não sinto vontade
nenhuma de socializar, quando eu penso no naipe das baladas por aqui meu
quartinho com meu computador me satisfaz mais. Nada contra quem gosta daqui é
uma questão de gosto. É que nem algumas pessoas gostam de coentro na salada e
outras não. Não há razão que se explique apenas não adere ao seu apetite. Também,
essa pode ser a curta desculpa para não ter que dizer a verdadeira razão: eu
não tenho dinheiro.
A cidade tem suas exceções - alias
abrindo um apêndice é incrível a quantidade de pessoas que aparecem quando você
não procura por amizades, todo mundo quer ser seu amigo acho que você emana certo
mistério – posso dizer que conheci pessoas muito boas aqui, legais e tal, mas
não, continuo odiando essa cidade (ou seja, continuo não tendo dinheiro).
Nesse ponto do texto você pode
pensar que meu problema é não ter dinheiro. Não sei ao certo se esse é o
problema, já que a estou na expectativa de começar a trabalhar e nenhuns dos
meus planos incluem fixar residência por aqui, nem ao menos ter uma vida social
por aqui.
Aqui sou uma pessoa
completamente diferente, sem agito social minha vida resume-se em estudo,
academia e séries, muitas séries. Troquei os embalos de sábado anoite por
temporadas e temporadas. E talvez eu goste da pessoa que me tornei aqui e
aquela pessoa com vida social em que não conseguia decidir em qual lugar ir por
tanta festa no mesmo dia não me faça tanta falta como pensei que faria. Sei que
estou ansiosa para descobrir se realmente mudei ou se tudo é apenas um falso ódio
pela cidade.